A identificação precoce do glaucoma continua sendo a principal estratégia para evitar a perda irreversível da visão. No entanto, as pesquisas têm avançado e começado a explorar a possibilidade de uma cura. Uma área de pesquisa promissora é o uso de terapias genéticas no tratamento da doença.
Avanços Recentes
Cientistas do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (IBCCF) e do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) obtiveram resultados significativos em protocolos de tratamento para o glaucoma. Um estudo, publicado na revista Development, investigou os mecanismos celulares e moleculares no desenvolvimento do sistema nervoso, focando em células do nervo óptico e suas capacidades regenerativas de células específicas da retina.
Esse avanço é significativo porque a degeneração das células da retina é a principal causa de perda de visão no glaucoma. Em experimentos com ratos recém-nascidos, os pesquisadores observaram a ativação de um programa molecular semelhante ao que gera células ganglionares durante o desenvolvimento embrionário da retina.
Descobertas nos EUA
Outro estudo promissor foi conduzido por pesquisadores do Mass Eye and Eare do Brigham and Women’s Hospital, nos Estados Unidos. A pesquisa, baseada em um artigo de 2017 publicado na revista Immunity, indicou que doenças degenerativas compartilham a variante APOE4 do gene Apolipoproteína E, que diminui o risco de glaucoma. Animais geneticamente modificados para apresentar a variante APOE4, mesmo com pressão ocular elevada, não mostraram danos nas células ganglionares da retina.
Transplantes de Células-Tronco
Além disso, há pesquisas em andamento explorando o uso de transplantes de células-tronco no tratamento do glaucoma. A ideia é que as células-tronco possam reparar danos ao nervo óptico e restaurar a visão. Este campo ainda está em fase experimental e não está disponível para tratamento em pacientes.
Tratamentos Atuais para o Glaucoma
Atualmente, os tratamentos para glaucoma incluem medicamentos, cirurgias e terapias a laser.
Medicação
O tratamento inicial para controlar a pressão intraocular é feito com medicamentos. No entanto, alguns colírios podem ser contraindicados em pacientes com certas doenças sistêmicas e oculares. É essencial informar ao oftalmologista sobre quaisquer condições pré-existentes, como asma, arritmia, bradicardia, diabetes, hipertensão, doenças da tireoide, angina, artrite, depressão, entre outras, para que ele possa determinar o tratamento mais adequado.
Terapias a Laser
O tratamento a laser é indicado, especialmente, para pacientes com glaucoma de ângulo fechado. Este procedimento é rápido e eficaz na redução da pressão intraocular. Existem três técnicas principais:
– Iridotomia periférica a laser: cria uma abertura na íris com um laser, permitindo o fluxo do líquido ocular por um caminho alternativo, evitando o bloqueio pupilar.
– Trabeculoplastia a laser: utiliza o laser para aumentar o fluxo do humor aquoso, reduzindo a pressão intraocular.
– Ciclocriofotocoagulação: diminui a produção de líquido intraocular e trata o epitélio do corpo ciliar. É geralmente usada em casos de glaucoma avançado ou olhos cegos dolorosos, embora tenha riscos como baixa pressão intraocular e atrofia ocular.
Cirurgias
Quando medicamentos e tratamentos a laser não são suficientes para controlar a pressão intraocular, a cirurgia pode ser necessária. Como qualquer procedimento, a cirurgia pode ter complicações, e é importante discutir todos os aspectos com o médico. As técnicas cirúrgicas incluem:
– Trabeculectomia: cria um canal para drenar a pressão intraocular. A cirurgia, geralmente feita com anestesia local, pode deixar uma cicatriz visível.
– Implante de drenagem: uma opção para pacientes que não responderam à trabeculectomia, envolve a inserção de tubos de drenagem no olho.
– Cirurgias minimamente invasivas (MIGS): projetadas para reduzir as dificuldades técnicas e os riscos das cirurgias invasivas, são úteis para pacientes em diferentes estágios do glaucoma.
Conclusão
Os avanços tecnológicos e os testes clínicos têm impulsionado importantes transformações na busca pela cura do glaucoma. Pesquisadores continuam a aperfeiçoar técnicas de diagnóstico e tratamento, contribuindo para diagnósticos mais precoces e tratamentos menos invasivos e mais eficazes.