Glaucoma, atualidades em tratamento

O Glaucoma é uma doença multifatorial que afeta perto de 67 milhões de pessoas no mundo. Seu único fator de risco acessível a uma intervenção terapêutica é até hoje a elevação da pressão intraocular (PIO). Foi encontrada uma certa relação entre a redução da pressão ocular por tratamento tópico e a velocidade de evolução da doença, como demonstrou o estudo “Early Manifest Glaucoma Trial”: Durante a iniciação do tratamento hipotensor em pacientes com glaucoma diagnosticado recentemente, cada redução de 1 mmHg a partir da PIO basal, resultou na redução de até 11% do risco de evolução do glaucoma num período de 6 anos. O tratamento médico do glaucoma consiste em alcançar um nível de PIO permanente (PIO alvo) e prevenir a aparição ou agravamento dos déficits glaucomatosos.
A escolha de uma classe terapêutica depende de diversos fatores: A redução de pressão esperada, o esquema terapêutico (número de instilações necessárias), os efeitos colaterais comuns nesta classe, as contraindicações e finalmente o custo do tratamento.

Tratamento médico, mudanças nos últimos anos

Algumas associações terapêuticas têm um efeito sinérgico em termos de redução da pressão. Ex.: Prostaglandinas + betabloqueadores, inibidores da anidrase carbônica + betabloqueadores, agonistas dos receptores adrenérgicos alfa 2+ betabloqueadores e inibidores da anidrase carbônica + agonistas dos receptores adrenérgicos alfa 2. Devem ser privilegiadas as associações que têm efeito global inferior à soma dos efeitos de dois princípios ativos separados (simpatomiméticos + alfa agonistas). Caso a combinação terapêutica escolhida não seja suficientemente eficaz, é preferível optar para outra combinação, ao invés de aumentar as doses ou acrescentar outra terapia.

Fórmulas sem conservantes

Muitos trabalhos experimentais, clínicos e epidemiológicos, demonstraram os efeitos tóxicos dos colírios que contêm conservantes de cloreto de benzalcônio, quando utilizados por um longo tempo. Os efeitos tóxicos são responsáveis por múltiplas alterações em diversas estruturas do segmento anterior e da superfície ocular, com sintomatologia de desconforto, um risco maior de fibrose conjuntival e forte probabilidade de mau resultado da cirurgia filtrante posteriormente. Motivo pelo qual, as principais classes terapêuticas estão disponíveis há alguns anos em fórmulas sem conservantes, frequentemente embaladas em frascos de dose única.

Novas classes terapêuticas

As quatro classes terapêuticas disponíveis para reduzir a pressão intraocular têm ação na redução de secreção aquosa (Beta-bloqueadores, Inibidores da Anidrase Carbônica, Alfa-2-agonistas) e no aumento da evacuação do humor aquoso para via uveo-escleral (Prostaglandinas). Novas classes terapêuticas estão em desenvolvimento. Nota-se que alguns agem remodelando o trabéculo para que seja muito mais permeável ao humor aquoso, propondo assim um novo mecanismo de ação (Ex: Latanoprostene Bunod, precursor análogo de prostaglandinas, cujo um dos metabólitos é o Óxido Nítrico, foi recentemente liberado pela FDA nos Estados Unidos).

Prostaglandinas e propriedades biomecânicas da córnea

Os tratamentos a base de Prostaglandinas PGAs tópicas, parecem induzir uma alteração reversível na resistência, histerese e espessura da córnea, com risco de subestimação da medida da pressão ocular pelo tonômetro de aplanação de Goldman, reputado ser o padrão-ouro para medir a pressão ocular.
http://dx.doi.org/10.1136/bjophthalmol-2016-308432

Implantes cosméticos para mudança de cor da íris

As sociedades internacionais de glaucoma, avisam sobre o risco de glaucoma com descompensação corneana e até perda do olho nos casos de colocação desses implantes na câmara anterior com intuito estético, e não para casos de aniridia congênita.
http://dx.doi.org/10.1136/bjophthalmol-2015-307295

Nanotecnologia no glaucoma

Vários laboratórios ou equipes de pesquisadores estão desenvolvendo novas formas de apresentação da medicação além das formas galênicas clássicas (soluções, suspensões ou pomadas). Dentro dessas novas formas de liberação dos remédios temos gels, micropartículas, inserts ou implantes intraoculares permanentes de liberação prolongada. Os resultados dos ensaios clínicos começaram a ser apresentados e parecem muito promissores. As vantagens das novas formas de administração são muitas: Liberação prolongada com efeito estável no período de 24 horas, menores flutuações circadianas da pressão ocular, ausência do risco de não adesão e menores efeitos tóxicos na superfície ocular. Nota-se que as formas extraoculares de liberação do remédio como Plugs no canal lacrimal, estão igualmente em desenvolvimento, e permitem a redução da pressão ocular por várias semanas ou mesmo meses.

Os tratamentos neuroprotetores ou neurorregenerativos estão em avaliação, mas somente em estudos experimentais, não sendo possível ainda a utilização em humanos na prática clínica. Um exemplo de neuroprotetor potencial, é o Inibidor da Rho-Kinase K-115, que está em fase de teste com resultados pré-clínicos promissores, sendo que o único tratamento comprovado e eficiente no controle da doença é atualmente a redução da pressão ocular.

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